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Alergias alimentares: entenda como a condição tem crescido nos últimos anos

Mudanças na dieta e a introdução tardia de alimentos podem explicar o aumento da incidência das alergias alimentares

Todo mundo sabe que a alimentação é uma parte integral da vida. Na tenra idade, quando os nossos filhos são pequenos, estar nutrido adequadamente é fundamental para que eles atinjam todo o seu potencial. Mas, para uma porcentagem da população infantil, certos alimentos podem causar desconfortos intensos.

Quem tem um filho nessa condição sabe bem: cuidar de uma criança com a alergia alimentar não é tarefa fácil. A dieta pode ser restritiva e, além disso, é preciso seguir um plano nutricional para que se desenvolva adequadamente.

Infelizmente, as alergias alimentares estão cada vez mais prevalentes e já se tornaram um assunto de saúde pública. E, dentre todas as alergias, a APLV é a mais comum.

Mas por que as crianças estão se tornando cada vez mais alérgicas a alimentos? Entender as razões é importante para que possamos combatê-las. As causas, no entanto, ainda não são claras – mas há algumas hipóteses possíveis. Veja abaixo:

Introdução tardia de alimentos

A introdução tardia de alimentos como ovo, amendoim e nozes na alimentação pode aumentar a taxa de alergias alimentares. Estudos sugerem que quando a criança os ingere desde cedo, o organismo gera uma resposta imune protetora. Por outro lado, tardar para inseri-los na alimentação levaria o corpo a uma reação imunológica tardia.

Higiene

A menor exposição a infecções na primeira infância estaria associada ao aumento dos riscos de desenvolver alergia. Isso porque a constituição e o tipo de microorganismos aos quais a mãe e o bebê são expostos poderia alterar o risco de desenvolver alergias.

Assim, o “excesso de higiene” poderia, segundo essa teoria, prejudicar a imunidade da criança e torná-la mais propensa a desenvolver alergias alimentares. Para os pais, essa possibilidade é surpreendente, já que estamos sempre preocupados em manter nossos filhos nas melhores condições de higiene possíveis.

Esta hipótese foi formulada pelo epidemiologista David Strachan ainda na década de 1980. Ele afirmava que a exposição a coisas que consideramos sujas – como alérgenos, bactérias, vírus e parasitas – poderia fortalecer o sistema imunológico e proteger contra alergias mais tarde. A exposição regular a esses patógenos desafiaria nosso organismo um pouco a cada vez. Ao longo de meses ou anos, desenvolveríamos uma tolerância aos microorganismos e nossos corpos não responderiam a eles de forma tão dramática.

Dieta

Abusar de açúcar, gordura e carboidratos não é o melhor caminho em momento algum da vida, mas eles são especialmente prejudiciais na infância. O excesso desses nutrientes na dieta moderna poderia ser o grande culpado pelo aumento da incidência das alergias alimentares.

Além disso, muitos dos alimentos que ingerimos hoje são geneticamente modificados ou cultivados com substâncias prejudiciais, como os agrotóxicos. Tudo isso pode ter forte impacto no pequeno ecossistema formado por bactérias que habita o nosso intestino, alterando a imunidade.

Um estudo publicado em 2017 no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences, por exemplo, comparou as bactérias intestinais de 15 crianças vivendo em uma área urbana da Itália com 14 crianças vivendo em uma área rural na África. A diversidade de bactérias encontrada foi bastante diferente.

A dieta das crianças africanas rurais era pobre em gordura e rica em alimentos à base de plantas, todos cultivados e colhidos localmente pelos aldeões. Elas comiam grande quantidade de grãos, legumes e verduras, assim como carboidratos complexos, fibras e proteínas. Esse grupo tinha um microbioma mais “rico” e favorável de bactérias em seus intestinos.

Já as crianças europeias urbanas possuíam dietas ricas em proteína animal, açúcar, amido e pobres em fibras -- o tipo de dieta típica de países modernizados. Elas tinham uma microbiota menos rica e menos favorável do que as crianças na África rural.

As alergias alimentares podem ser uma das consequências da redução dessas bactérias boas no intestino.

Bebê alérgico? Procure o médico

Ainda que existam diversas hipóteses para explicar o aumento das alergias alimentares, as causas são indefinidas. Por isso, antes de fazer qualquer mudança radical na dieta ou estilo de vida do seu filho, é preciso conversar com o pediatra.

Além disso, alergias alimentares podem apresentar diversos sintomas e variar bastante em relação à sua gravidade. Sobretudo, elas podem ser controladas e têm cura! Portanto, se você desconfia que a criança esteja doente, observe-a e a leve no médico para um diagnóstico preciso.

Com paciência, apoio e carinho, seu filho irá se desenvolver como deve e viver uma infância feliz e tranquila. Para tirar as suas dúvidas sobre alergias alimentares, acompanhe o nosso conteúdo.

Bibliografia: Immune Tolerance Network - Leap Study, Australian Society of Clinical Immunology and Allergy - Food Allergy, Corinne Keet - Getting to the Root of the Food Allergy “Epidemic”, Caroline Hadley - Food allergies on the rise? Determining the prevalence of food allergies, and how quickly it is increasing, is the first step in tackling the problem, Sociedade Brasileira de Pediatria - Consenso Brasileiro Sobre Alergia Alimentar: 2018, Carlotta De Filippo, Duccio Cavalieri et al - Impact of diet in shaping gut microbiota revealed by a comparative study in children from Europe and rural Africa

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