Guia APLV

13 mitos e verdades sobre a alergia ao leite de vaca

Muito se fala sobre APLV, mas afinal, você sabe o que é verdade e o que é mentira? Veja a nossa lista e descubra mitos e verdades sobre a condição prevalente na primeira infância

Se você tem filho pequeno, provavelmente já ouviu falar em APLV. Hoje, no mundo todo, estima-se que cerca de 6% das crianças menores de três anos apresentam alergias alimentares, sendo a alergia ao leite (APLV) a mais comum delas.

Veja abaixo o que é mito e o que é verdade no "mundo APLV", dos sintomas à cura.

1 - Alergia à proteína do leite de vaca é a mesma coisa que intolerância à lactose

Mito. Claro que há semelhanças, mas APLV e intolerância à lactose são condições diferentes. A alergia acontece quando o sistema imunológico – a defesa do seu corpo contra corpos estranho – tem uma reação a um determinado alimento. Pode ser leve, como uma sensação de coceira, ou grave, como um choque anafilático.

Intolerância à lactose significa que o organismo não produz de forma suficiente a enzima necessária para digerir a lactose, presente no leite de vaca. Essa enzima se chama lactase e é essencial para a digestão do leite e de seus derivados.

Quando a criança intolerante à lactose ingere um alimento com leite, ela pode experimentar sintomas da APLV, como a diarreia. No entanto, a alergia têm sintomas mais graves e que não envolvem apenas o sistema digestivo. Uma criança com APLV pode também ter apresentar problemas respiratórios e cutâneos.

2 - Crianças não se curam da APLV

Mito. Ufa! De acordo com um relatório publicado em 2012 pela European Society of Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition (ESPGHAN), cerca de 50% das crianças com alergia à proteína do leite de vaca desenvolvem tolerância com um ano de idade; cerca de 75% até os três anos e 90% até completar seis anos.

Assim como a alergia ao leite de vaca, as alergias a ovo, trigo e soja também costumam ser superadas pelas crianças. Já as reações a alimentos como frutos do mar e amendoim são mais persistentes.

3 - O leite é o principal alimento causador de alergias.

Verdade. A alergia à proteína do leite é o tipo mais comum de alergia alimentar. Os oito alimentos mais alergênicos são: leite de vaca, soja, ovo, trigo, peixe, frutos do mar, amendoim e castanhas.

4 - Os sintomas da APLV podem surgir vários dias após a ingestão do leite de vaca?

Verdade. Há três tipos de sintomas que podem ocorrer após a ingestão de leite de vaca: imediatos, tardios ou mistos. Os primeiros ocorrem minutos ou poucas horas após o consumo e costumam ser mais graves e persistentes, como urticária, choque anafilático e vômito em jato. Já as reações tardias podem surgir dias ou até semanas após o início do contato com o leite, principalmente nos casos em que o paciente apresenta manifestações gastrointestinais.

As reações mistas, por fim, podem ser tanto imediatas, logo após a ingestão do leite de vaca, ou tardias, surgindo horas ou dias depois. Asma, refluxo e baixo ganho de peso são alguns dos sintomas tardios.

5 - O paciente com APLV precisa excluir também a carne de vaca da dieta?

Mito. O leite de vaca e seus derivados, como queijo, iogurte e manteiga, devem ser excluídos da dieta da criança com APLV ou da mãe que amamenta um bebê com a condição. O mesmo não vale para a carne de vaca.

O leite de vaca é composto por proteínas como caseínas e as proteínas do soro. Já a carne de vaca possui proteínas diferentes. Portanto, a APLV nada tem a ver com uma possível alergia à carne, bastante rara. Além disso, o risco de reatividade cruzada da proteína do leite com as proteínas da carne de vaca é muito pequeno. Assim, esta última só deve ser retirada da alimentação da criança se for confirmado que ele apresenta reação após o consumo.

6 - O diagnóstico da APLV é simples e rápido.

Mito. O diagnóstico da APLV depende dos sintomas apresentados, mas pode compreender quatro etapas:

  • História clínica
  • Exames laboratoriais
  • Dieta isenta das proteínas do leite
  • Teste de provocação oral

Os testes cutâneos e a pesquisa de anticorpos IgE específicos, produzidos pelo corpo em certas reações alérgicas ao leite, só podem ser aplicados quando há suspeita de alergia alimentar IgE mediada, que causa sintomas como urticária, angioedema, broncoespasmo e anafilaxia.

Quando as reações à APLV são tardias, o corpo não produz anticorpos IgE específicos. A reação é desencadeada por outras células. Neste caso, não é possível identificar a APLV por meio de exames. A história clínica e mudanças na dieta são as medidas geralmente indicadas.

7 - Para a mãe que amamenta, seguir a dieta isenta de leite de vaca é quase impossível?

Mito. A dieta de exclusão de leite de vaca e seus derivados não é fácil, mas pode ser adotada quando a mãe segue as recomendações de um profissional competente. Este irá traçar um plano nutricional para que a exclusão seja feita de maneira adequada, sem riscos para mãe e bebê.

8 - Os utensílios da cozinha devem ser substituídos para evitar a contaminação cruzada?

Mito e verdade. Utensílios plásticos e esponjas para lavar louça devem ser substituídos, pois são materiais porosos e, por consequência, aderem os resíduos alimentares. Os demais utensílios podem ser bem higienizados e reutilizados.

9 - Existem substâncias que, mesmo sem ter o nome de leite, podem indicar a presença de proteínas do leite nos alimentos.

Verdade. Caseína, caseinato, lactoalbumina, lactoglobulina, lactose, lactulose, proteínas do soro, sabor artificial de manteiga, caramelo e manteiga são algumas das substâncias que podem indicar a presença de proteínas do leite. Por outro lado, o ácido lático, ingrediente muito comum em alimentos industrializados, é 100% de origem vegetal. O leite de coco também é liberado porque não é proveniente da vaca.

10 - A criança pode se desenvolver normalmente e adquirir todos os nutrientes que precisa mesmo sem leite de vaca em sua dieta?

Verdade. Cortar o leite de vaca da dieta do seu filho pode ser assustador, afinal, tal alimento contém substâncias importantes, como cálcio e vitamina D, além de ser a principal fonte de proteína na infância. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, pelo menos 30% das necessidades nutricionais da criança devem vir do leite e, de acordo com a Pirâmide Alimentar, são recomendadas três porções de lácteos por dia. Portanto, nos casos de APLV, o acompanhamento médico é fundamental, para que substitutos adequados sejam orientados na dieta.

11 - APLV e refluxo podem estar ligadas?

Verdade. O refluxo fisiológico, com episódios de regurgitação, é recorrente nos primeiros meses de vida. O número de diagnósticos da APLV também tem aumentado. Portanto, pode ser que o seu filho apresente ambas as condições, e que uma interfira na outra. Sabe-se que medicamentos usados para combater o refluxo podem reduzir a secreção ácida no intestino e, portanto, afetar a digestão de proteínas, aumentando a exposição intestinal a substâncias alérgicas.

Além disso, como a APLV é de prevalência alta entre lactentes, é recomendável que as crianças com refluxo sejam testadas também para a alergia ao leite de vaca, submetendo-a a uma dieta de exclusão.

12 - A APLV não é uma condição séria e, portanto, não precisa de tratamento

Mito. A criança com APLV corre diversos riscos quando não atendida adequadamente. Além do perigo de uma reação imediata grave, como o choque anafilático, a criança com APLV, quando não acompanhado de forma correta, pode sofrer um déficit nutricional que pode se acentuar na medida em que a dieta de substituição demora para ter início.

A APLV, portanto, é uma condição que exige atenção médica e tratamento adequado. De acordo com os sintomas e com o quadro clínico do seu filho, o pediatra irá sugerir as melhores estratégias a adotar.

13. A criança que apresenta APLV pode apresentar reação concomitante a outros alimentos?

Verdade. O lactente, quando apresenta APLV, pode apresentar alergia concomitante à soja em até 60% dos casos, ao considerar as não mediadas por IgE. Nos casos mediados por IgE, essa porcentagem varia de 10 a 14%.

Bibliografia: Sociedade Brasileira de Pediatria - Consenso Brasileiro Sobre Alergia Alimentar: 2018, Web Medical Team - Food Allergy Myths and Facts, Food Allergy Research & Education - Food Allergy Myths and Misconceptions

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